ATA DA DÉCIMA PRIMEIRA REUNIÃO ORDINÁRIA DA QUARTA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 17-7-2008.

 


Aos dezessete dias do mês de julho do ano de dois mil e oito, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Todeschini, Dr. Goulart, Dr. Raul, Ervino Besson e João Antonio Dib, pelas Vereadoras Margarete Moraes, Neuza Canabarro, Titulares, e pelo Vereador Guilherme Barbosa, Não-Titular. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Reunião, compareceu o Vereador Claudio Sebenelo, Titular. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nos 092/08, do Vereador Ary Luiz Neves, Presidente da Câmara Municipal de Taquara – RS –; 297/08, do Vereador Jesus Maciel Martins, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Novo Hamburgo – RS –; 855/08, do Vereador Alberto Betão Pereira Justino, Presidente da Câmara Municipal de Mauá – SP. Durante a Reunião, deixaram de ser votadas as Atas da Sétima e Nona Reuniões Ordinárias e a Ata Declaratória da Oitava Reunião Ordinária. Na ocasião, foi apregoado Comunicado de autoria do Vereador Haroldo de Souza, Líder da Bancada do PMDB, informando que o Vereador Dr. Raul substituirá Sua Excelência na titularidade da Comissão Representativa, na presente Reunião, nos termos do artigo 83, parágrafo único, do Regimento. Também, foram apregoados os seguintes Memorandos, deferidos pelo Senhor Presidente: de nº 043/08, de autoria do Vereador Carlos Comassetto, solicitando autorização para representar externamente este Legislativo, no dia quinze de julho do corrente, na abertura do 3º Congresso Nacional Marista de Educação e do 1º Congresso de Educandos Maristas, às dezoito horas, no Centro de Eventos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS –, em Porto Alegre; de nº 039/08, de autoria do Vereador Professor Garcia, solicitando autorização para representar externamente este Legislativo, no dia quinze de julho do corrente, em solenidade relativa aos dezoito anos do Estatuto da Criança e do Adolescente, às quatorze horas, no Plenário do Palácio Farroupilha, na Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Neuza Canabarro discorreu sobre problemas observados pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente em visitas a unidades de saúde da Cidade, destacando dificuldades encontradas pela população para marcar consultas com médicos especializados. Além disso, avaliou o trabalho do Fórum de Entidades na análise do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 008/07, que institui o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pela oposição, o Vereador Aldacir Oliboni registrou a paralisação dos trabalhos ocorrida hoje nas unidades públicas de saúde da Região Leste de Porto Alegre, em face de mobilização dos servidores dessas unidades, na busca por melhores condições de trabalho. Nesse sentido, propôs reunião deste Legislativo com representantes dos servidores paralisados, para que sejam encontradas fórmulas que viabilizem atendimento médico qualificado à população. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pelo Governo, o Vereador João Antonio Dib apresentou dados divulgados pela edição nº 530 da revista Época, relativos aos recursos destinados à saúde em diferentes países, afirmando que o Governo Federal não aplica nessa área os índices previstos na Constituição Federal. Quanto ao assunto, declarou que as verbas recebidas por Porto Alegre para prestação de serviços de saúde foram reduzidas após a posse do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Dr. Goulart reportou-se aos pronunciamentos hoje efetuados pelos Senhores Vereadores, tendo como tema problemas estruturais e de falta de recursos humanos verificados junto ao sistema público de saúde do Município. Da mesma forma, defendeu a municipalização do Centro de Saúde Escola Murialdo, enfocando especialmente atividades ali desenvolvidas na assistência médica a comunidades carentes da Região Leste de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Margarete Moraes comentou o recebimento, pela Companhia de Processamento de Dados do Município, do prêmio “Qualidade RS 2008”, questionando a gestão do Prefeito José Fogaça e citando recursos a que tem direito Porto Alegre para aplicação em projetos da área da saúde. Ainda, criticou o desempenho da Senhora Yeda Crusius à frente do Governo Estadual e, finalizando, elogiou o trabalho da Polícia Federal no combate a crimes de corrupção e desvio de verbas públicas. O Vereador João Antonio Dib elogiou o trabalho de pesquisa histórica do Maestro Hardy Vedana em torno da produção de discos no Rio Grande do Sul e no Brasil, propugnando por auxílio governamental à proposta desse pesquisador, de criação do Museu do Disco. Além disso, referiu-se à dívida do Governo Estadual para a saúde pública em Porto Alegre, atribuindo problemas nessa área também à União. Finalizando, teceu críticas ao atual cenário político observado no País. O Vereador Ervino Besson enalteceu a atuação da Polícia Civil do Estado na solução do seqüestro da jovem Margarete do Amaral, sublinhando que o preparo e o empenho de policiais foi fundamental para a solução desse caso. Ainda, convidou todos para o encerramento, no dia vinte e dois de julho do corrente, do fórum “Porto Alegre: Uma Visão de Futuro”, destacando que caminhos inovadoras têm sido apresentadas à população porto-alegrense nesse evento. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Adeli Sell, cobrando da Prefeitura Municipal a remoção de lixo acumulado em locais dos bairros Lomba do Pinheiro e Partenon, frisou a relevância da fiscalização dos atos do Executivo por esta Casa. Nesse sentido, pronunciou-se em relação ao atual contexto político brasileiro, parabenizando a Polícia Federal pela investigação e prisão de envolvidos em atividades ilícitas relativas ao desvio de recursos públicos. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Dr. Goulart registrou que a Comissão de Saúde e Meio Ambiente se reunirá no dia vinte e um do corrente mês, na busca de alternativas para a manutenção do funcionamento do Centro de Saúde Escola Murialdo. Ainda, comentou o pronunciamento do Vereador Ervino Besson sobre o seqüestro da jovem Margarete do Amaral e discursou acerca de possibilidades para o aprimoramento dos serviços públicos de saúde em Porto Alegre. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Dr. Raul relatou o esforço de órgãos públicos na busca de soluções para os problemas enfrentados pelo Centro de Saúde Escola Murialdo, atribuindo à falta de recursos para investimento na área da saúde as dificuldades ali existentes. Nesse sentido, posicionou-se favoravelmente à municipalização desse posto de atendimento. Finalizando, defendeu a criação de unidades de pronto atendimento que funcionem vinte e quatro horas por dia na Cidade. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Claudio Sebenelo reportou-se à falta de creches no Município e no Estado para o atendimento de crianças até os seis anos de idade. Nesse sentido, examinou dados oficiais referentes ao assunto e relacionou essa carência com a possibilidade de futuros problemas de deslizes de conduta juvenil, afirmando que a prevenção em termos de segurança pública começa nos investimentos públicos em educação infantil. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Maristela Maffei enfatizou a idéia do Vereador Dr. Goulart de convidar a comparecer a esta Casa o Conselho Municipal de Saúde para prestação de contas acerca dos investimentos feitos na Cidade na área da saúde pública. Ainda, debateu a importância da educação de crianças e jovens como componente da formação de adultos bem estruturados, lembrando a necessidade de políticas públicas preocupadas com essa questão. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Carlos Todeschini cobrou providências do Executivo Municipal, relativamente ao fechamento de sete postos de saúde na Zona Leste da Cidade, alegando que os problemas de Porto Alegre não são apenas de falta de recursos, mas de incapacidade de gerenciamento. Sobre o tema, realçou a necessidade de que sejam implementadas as reformas tributária, política e social para que se ampliem as condições de governabilidade do País. O Vereador Aldacir Oliboni analisou a paralisação de sete unidades integrantes do Centro de Saúde Escola Murialdo, enfatizando que essas unidades têm capacidade para atender de vinte e cinco a vinte e oito mil pessoas, porém atendem atualmente cerca de oitenta mil pessoas. Sobre o assunto, historiou a criação e a importância desse Centro, relatando a defasagem de profissionais lá existente e lendo sugestões de melhorias apresentadas por trabalhadores da saúde da Zona Leste. O Vereador Adeli Sell criticou a gestão da saúde no Município e no Estado, justificando que os recursos enviados pelo Governo Federal para essa área são mal administrados. Sobre o tema, citou situações de falta de medicamentos na rede pública para tratar de doenças como hepatite C e esclerose múltipla e o não-combate a focos de lixo na Cidade, que contribuem para a disseminação de doenças. Além disso, destacou a relevância dos serviços prestados pelo funcionalismo municipal. A seguir, foi apregoado Requerimento de autoria dos Vereadores Aldacir Oliboni e Carlos Todeschini, solicitando sejam convidados a comparecer nesta Casa, às onze horas do dia vinte e um do corrente mês, órgãos públicos e representantes da comunidade para reunião sobre o Centro de Saúde Escola Murialdo. Às doze horas e cinco minutos, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores Titulares para a Reunião Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Claudio Sebenelo e Carlos Todeschini e pela Vereadora Margarete Moraes, esta nos termos do artigo 27, parágrafo único, do Regimento, e secretariados pelo Vereador Ervino Besson e pela Vereadora Neuza Canabarro, como Secretária “ad hoc”. Do que eu, Ervino Besson, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 


O SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini): De acordo com a Liderança do PMDB, na Reunião da Comissão Representativa do dia de hoje, 17 de julho, o Ver. Haroldo de Souza será substituído pelo Ver. Dr. Raul, nos termos do art. 83, parágrafo único, do Regimento deste Legislativo.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

 A Verª Neuza Canabarro está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. NEUZA CANABARRO: Exmo Sr. Ver. Carlos Todeschini, na Presidência nesta manhã; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, nós estamos aqui em Comissão Representativa, em tempo de recesso, com assuntos prementes da comunidade. Eu falarei em relação à Saúde.

Estou na Presidência da Comissão de Saúde, e uma preocupação que tenho nas visitas que se fazem às vilas é a questão das consultas a médicos especializados. Há pessoas que esperam há mais de noventa dias, três meses, Dr. Raul! Encontrei ontem uma senhora que há três meses foi ao Pronto Socorro com problema de ouvido; foi feita uma lavagem e marcada uma consulta para dali a 120 dias; o ouvido da senhora estava purgando, então é uma questão extremamente grave, cuja solução nós temos que agilizar. Essas são situações que não podem perdurar! Queremos frisar que isso não é de agora; vem de muitos e muitos anos, mas comprova a dificuldade do gestor público em relação à Saúde.

E ao mesmo tempo a Secretaria Estadual de Educação, Ver. João Antonio Dib, coloca a dificuldade de administrar seus recursos humanos pela questão das licenças médicas. Esse é um problema que nós enfrentamos - eu, como Relatora e proponente, e o Ver. João Antonio Dib como Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito. E muitas coisas foram pedidas, muitos pontos foram levantados. Aqui ressalto algo que, no meu entendimento, é fundamental: o controle dos recursos humanos no que diz respeito às cedências. Só se pode ceder aquilo que está sobrando; não se pode ceder aquilo que está faltando. E, na minha opinião, professores, médicos e policiais - civil e militar - não podem ser cedidos. Por uma única razão: são segmentos que têm que atender o usuário, a criança, o doente. Então, esse é um ponto que deve ser enfrentado, assim como a questão de controle, porque o controle é fundamental. O controle em relação a quem tem um cargo público e um cargo particular: temos que ter um cuidado quando este se licencia do cargo público, se efetivamente também está licenciado do particular.

São questões que se entrelaçam. Na Saúde, ao fazermos as visitas, constatamos que o HPS chegou a passar 48 horas sem um cirurgião plástico; isso é uma verdadeira tragédia. Então, alertamos que devem ser tomados os devidos cuidados. Neste momento em que fazemos toda uma avaliação do que foi feito em três anos e meio de mandato, sabemos que a Casa pode contribuir, principalmente com a sua função fiscalizadora. Porque, em relação a legislar, temos uma área talvez muito restrita, porque é aquilo cabe ao Vereador, ao legislador municipal, e muitas das leis não são cumpridas. Por essa razão eu enfatizo a importância da fiscalização.

Agora eu gostaria de falar também sobre a nossa reunião do Fórum de Entidades. Tivemos reunião na terça-feira - com a Presidência da Casa, Mesa Diretora, Líderes, eu participei como representante do Fórum das Entidades - para discutir o Plano Diretor. Ontem, depois de duas horas e meia de discussão, chegamos a um encaminhamento. Com a maior tranqüilidade, vamos aguardar até a Reunião do dia 29, em que as Lideranças, o Presidente da Comissão Especial, Ver. Nereu D’Avila; o Relator, Ver. Luiz Braz, e a Comissão Especial decidirão qual o procedimento a ser tomado por esta Casa em relação ao Plano Diretor. O Fórum das Entidades já tem um documento. Um documento de análise de quê? Primeiro, nós analisamos toda a proposta vinda do Executivo e apresentamos 86 Emendas. Dessas Emendas, 12 foram aproveitadas no Substitutivo do Relator. Isso não atendeu às nossas expectativas, não nos satisfez de forma nenhuma. Mas, mesmo assim, analisamos - já foi feito um documento - o Substitutivo e chegamos à conclusão de que tanto o Projeto encaminhado pelo Executivo quanto o Substitutivo do Relator não atendem ao determinado pelo Estatuto da Cidade. Inclusive, já no início do Relatório, o Relator falou da revisão feita em 2003. Em 2003, foi feita - se é que se pode considerar - uma revisão por meio do Fórum das Cidades, só que ela não foi operacionalizada. Nós já tínhamos, todos, mais de oitenta indicadores que não foram aproveitados, o que nós entendemos - ali no Fórum das Entidades - que é muito açodado aprovar antes das eleições, porque com os Substitutivos nós zeramos tudo: há novos prazos, novas discussões - é outra proposta -, novas emendas terão que ser elaboradas.

Portanto, seria muito rápido, haveria pouco tempo para essa tramitação e para que, efetivamente, se tivesse uma revisão, um Plano Diretor de qualidade e adequado em relação à ordenação e ao controle, conforme prevê o Estatuto da Cidade. Por essa razão, nós marcamos posição em relação a quê? Que comece a tramitar, mas que entre em discussão e votação só após o dia 05 de outubro. Com isso, nós teríamos noventa dias para discussão e aprovação do Plano Diretor, poderíamos concluí-lo, assim, ainda este ano.

Essa é a posição do Fórum das Entidades, que se reuniu ontem. No dia 30, um dia após a reunião da Comissão Especial, Lideranças e Mesa Diretora, nós vamos ter a reunião do Fórum para ver de que forma vamos nos organizar para atender essa necessidade de revisar o Plano Diretor, porque a Cidade está muito necessitada. Em 2009, nós completaremos dez anos, e essa revisão deveria ter sido feita já em 2004. Então nós convidamos os Vereadores para que compareçam ao Fórum das Entidades, até para marcar as suas posições.

Ontem tivemos a presença do Ver. Beto Moesch, que é um dos Vereadores que tem comparecido, depois que retornou a esta Casa, com maior freqüência, mas o convite é estendido a todos os Vereadores, para que tenham idéia da posição e das reivindicações. Eu frisei aos representantes das entidades que compõem o Fórum que o entendimento que eles tinham de que Fórum não estava sendo valorizado era errado, porque eu vejo, em conversa com os Vereadores, embora eles não estejam todo o dia lá... O Fórum tem o objetivo de ouvir as reivindicações, mas há um reconhecimento, ele tem uma credibilidade muito grande. Até porque foram mais 35 reuniões com mais de 120 horas de trabalho, e isso efetivamente dá uma credibilidade para um trabalho sério, porque são pessoas que não estão sendo pagas. São cidadãos que têm interesse no bem comum da comunidade.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini): O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra para uma Comunicação de Líder pela oposição.

 

O SR. ALDACIR OLIBONI: Nobre Ver. Carlos Todeschini, na presidência dos trabalhos; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, público que acompanha o Canal 16, hoje aconteceu um fato de extrema preocupação para cidade de Porto Alegre. E estavam presentes lá, Verª Neuza, o Ver. Oliboni, o Ver. Todeschini, representando a Comissão que V. Exª preside, a Comissão de Saúde, e também a Mesa Diretora, em nome do Ver. Sebastião Melo. A região leste de Porto Alegre possui sete Unidades de Saúde que ainda pertencem ao Estado do Rio Grande do Sul, isto é, o gestor é o Estado do Rio Grande do Sul. Desde 1960, 1970, ali se criou a questão do ensino e da pesquisa, e, por essa razão, se criou, Ver. Dib - muito atuante, inclusive naquela época -, a Escola Pública de Saúde do Murialdo.

E, com essa situação hoje, criou-se uma certa resistência do Município em municipalizar essas Unidades de Saúde, e, por outro lado, há o descaso do Estado. A Constituição de 1988 permitiu a municipalização, portanto Porto Alegre é gestão plena, esses serviços todos deveriam ser de incumbência do Município. Mas infelizmente a região leste de Porto Alegre, que atende em torno de oitenta mil pessoas, não tem ainda as sete Unidades de Saúde. Em função disso há uma enorme deficiência, porque, com o tempo, as pessoas foram se aposentando, e não houve concurso público, portanto não foram repostas as vagas que, de uma certa forma, existem, mas estão vagas, e os serviços foram sucateando, com Unidades alugadas e outras não-reformadas.

Pois esse descaso da Saúde chegou como bandeira não só da comunidade, mas também dos trabalhadores, que se sentem desmotivados, desvalorizados. E hoje as sete Unidades de Saúde da região leste pararam. Os residentes, os trabalhadores estão reunidos no Sanatório Partenon, numa assembléia, da qual há pouco participamos, fazendo um apelo ao Poder Público do Estado e do Município e da Câmara de Vereadores para intercederem no sentido de que esses serviços possam, de uma certa forma, Verª Neuza, voltar à sua normalidade.

Não é por acaso que a Câmara de Vereadores tem acompanhado, ao longo dos anos, essa problemática. Todos os Presidentes da Comissão de Saúde passaram por lá, foram ao local e trouxeram o assunto para ser debatido aqui na Câmara de Vereadores, e em nenhum momento saiu a definição. Acompanhamos, inclusive, os dois Secretários de Saúde na época - Pedro Gus e Osmar Terra -, disputando vaidades, quando diziam que um valor “x” era o suficiente para que o Município tivesse, então, essas Unidades de Saúde de volta. E o Estado dizendo que não havia condições de passar mais que esses recursos. Essa briga de vaidades tem que terminar, porque, lá na ponta, a população está morrendo sem atendimento médico! A população não está tendo o atendimento médico que deveria, porque as Unidades de Saúde não suportam a demanda existente e, aí, fazem com que o cidadão vá a um hospital da região, ou, enfim, de Porto Alegre, e, assim mesmo, o cidadão encontra as filas dos hospitais cada vez maiores. É por isso que nós, enquanto Mesa Diretora, enquanto Comissão de Saúde, propusemos hoje, naquela reunião dos residentes e dos trabalhadores que paralisaram suas atividades, que esse assunto fosse trazido à Câmara de Vereadores na sexta-feira, isto é, amanhã, às 11h, para poder convocar aqui o Poder Público Municipal e Estadual, os Conselhos e a comunidade, para encontrarmos uma solução definitiva para esse caso.

Não é possível nós continuarmos dessa forma! Não é possível! Pode, sim, a Câmara estar em recesso, mas estamos aqui de plantão, estamos na Comissão Representativa para, exatamente, se acontecer algum caso de tamanha gravidade, a exemplo desse, atuarmos na tentativa de buscar alguma solução. São muitas as reivindicações, e eu levaria aqui mais de cinco minutos para poder colocá-las. O importante é dizer que nós não podemos nos eximir dessa responsabilidade. É importante que amanhã às 11h - o Ver. Sebastião Melo, Presidente desta Casa, já concordou em receber; a Presidenta da Comissão de Saúde, a Verª Neuza Canabarro, concordou em estar conosco -, quando estiverem presentes o Ver. João Antonio Dib, Ver. Guilherme Barbosa, a Verª Margarete Moraes, Ver. Adeli Sell, Ver. Dr. Goulart, nós possamos, Ver. Besson, estar juntos na reunião, porque não é justo, é lamentável, é estressante ver a população dizer que, ao chegar à Unidade de Saúde, os médicos estão de greve, os residentes estão de greve, embora seja uma causa justa. Não há mais como suportar a demanda sem ter trabalhadores que possam atender. Inclusive, o Dr. Raul, que há pouco estava aqui e deve retornar em seguida, trabalha naquela região, ele sabe das enormes dificuldades que nós temos na região leste. É preciso dar um basta e fazer com que o Poder Público assuma a sua responsabilidade, por isso conclamo o apoio dos nobres Vereadores e Vereadoras, para que também possamos nos envolver com essa causa nobre para a Cidade, de extrema importância, porque se tratam de vidas humanas. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo Governo.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente Carlos Atílio Todeschini, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu sempre ouço com muita atenção o Ver. Aldacir Oliboni, porque ele é um expert em matéria de Saúde. Agora, eu vou aproveitar as últimas palavras que ele usou, no sentido de que é preciso responsabilizar o Poder Público sobre o mau atendimento da Saúde em Porto Alegre. Eu acho que deve ser responsabilizado, sim, o Poder Público, mas se equivoca V. Exª quando pensa que Poder Público é a Prefeitura e o Estado. Não, não é. Eu recomendaria a todos os Vereadores, não somente ao Ver. Aldacir Oliboni, que lessem a revista Época desta segunda-feira, que diz que a União aplica 4% da sua arrecadação na Saúde, enquanto que, nos Estados Unidos, é aplicado nove vezes mais por cidadão americano; na Inglaterra, são quadro vezes mais. Nós ficamos, no quadro de atendimento de Saúde, nos últimos lugares, mas o superávit primário da União é alguma coisa de impressionante. A Constituição diz que nós devemos fazer 10% de aplicação na Saúde; e a União aplica 4%. A Emenda nº 29 tramita lá, e querem criar uma contribuição super... Deram um nome especial para a contribuição social da Saúde, mas que não contribui coisa nenhuma, como a CPMF também não contribuiu para a Saúde.

Por outro lado, eu queria dizer que, quando fala em Poder Público, tem de responsabilizar especialmente o Poder Público Federal, porque é a esse que cabe a aplicação de 10%, e ele não o faz. O Estado faz perto de 10%; o Município de Porto Alegre gasta mais do que os 13% que lhe determina a Lei Orgânica, mas não consegue atender, porque os recursos que adviriam do Governo Federal a partir de 2003 diminuíram em Porto Alegre. E podem dizer tudo o que quiserem: a Prefeitura de Porto Alegre, a partir de 2003, quando assumiu S. Exª o Presidente Lula, passou a perceber menos recursos do que então recebia. No ano de 2002, no Governo Fernando Henrique, a Prefeitura recebeu 307 milhões de reais; e somente no ano de 2007 esses 307 milhões foram superados: foram 325 milhões de reais. Mas, se fizéssemos a simples correção de IPCA ou do IGP-M, que é o que corrige as coisas da União, teríamos 450 milhões, não 325 milhões; mas foi a primeira vez que passou de 300 milhões.

Portanto, se o Governo Federal deixou de dar recursos à Prefeitura de Porto Alegre, precisamos responsabilizar o Poder Público, sim, mas vamos colocar o Poder Público Federal em primeiro lugar, depois os outros; vamos colocar aquele que deveria aplicar 10% das suas receitas e que faz um superávit primário extraordinário, mais de uma centena de bilhões de reais, e faz ainda o fundo para o Exterior como se tivesse muito dinheiro sobrando aqui dentro, como se não devesse mais de um trilhão de dívida interna. Este Governo, este Poder Público é que deveria ser, em primeiro lugar, responsabilizado. Saúde e PAZ!

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. DR. GOULART: Muito prezado e querido Vereador na presidência dos trabalhos, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, que bom que a Câmara de Vereadores permanece com a sua equipe de guardiões mesmo no momento de recesso, mostrando que esta Instituição parlamentar não pára nunca, nunca pára o seu trabalho.

Imagino que o fato mais importante - além dos reflexos da corrupção, além da corrupção própria que temos também aqui - neste momento é a Saúde do extremo leste da Cidade. Olhem, senhores, mais importante que todas as notícias dos jornais, onde a corrupção campeia, é a Saúde do leste. Primeiro, porque é simbólico, é emblemático o atendimento do Murialdo. O atendimento do Murialdo remonta dos anos 70, fim dos anos 60, quando, em Cuba, estava se estruturando a Saúde de Família; quando Cuba começava a exportar para o mundo o seu belo exemplo, e o Canadá ainda não pensava em ter a sua Saúde de Família, e lá estavam eles: o Dr. D’Arrigo Busnello e sua equipe na psiquiatria social, comunitária; lá estavam os primeiros médicos de família da cidade de Porto Alegre. Trata-se de um grupo de Saúde incrustado dentro de uma região muito pobre da cidade de Porto Alegre, tão pobre que algumas casas dividem uma de suas peças com os animais que têm; não é raro de se encontrar um quarto com um cavalinho, com o seu feno, ali dentro do quarto, e com as doenças próprias, com as zoonoses próprias que os animais podem trazer às pessoas. E lá estavam os estudantes de Medicina, e lá estavam os residentes, diariamente preocupados em vacinar, em atender os doentes, em fazer puericultura, cuidando da saúde daquelas criancinhas que se alimentavam muito mal, por causa da pobreza que campeia naquela região também.

Então, eu fico muito triste quando ouço o Oliboni - e nesta causa estamos sempre juntos, que é a causa da Saúde, Ver. Oliboni; embora os nossos programas, às vezes, não se encontrem, na Saúde somos irmãos, parceiros -, fico perplexo quando V. Exª diz que está parando, que está parando a Saúde onde não tem nada; está acontecendo o nada onde não tem nada!

Então, é muito justo que se chame a equipe de guardiões, de fiscais, para verificar esse problema. Porque o Município quis ficar com essas estruturas, em função da municipalização plena, e o Estado não quis repassar para o Município. Por que não quis repassar? Porque não queria repassar recursos, pois, para repassar os prédios e os funcionários que ali estão, tem que repassar recursos, e como nós sabemos... O Ver. Dib disse que o Estado está investindo perto de 10%; não, ele está investindo perto de 4,5%, porque anda devendo muito o Estado. Na última vez que repassou dinheiro para a Saúde foi 4,5% do seu Orçamento. Foi muito pouco! O Governo Federal - e aí o Ver. Oliboni tem que nos ajudar - precisa mandar seus batalhões de fiscais para lá. Alguém tem que ser responsabilizado pela parada da Saúde nesse local. O Federal tem que vir aqui e dizer quem é o responsável por isso.

Por que é que estão parando os estudantes? Por que é que estão parando os residentes? Por que é que os médicos estão parando? E por que não se faz essa transação logo para o Município? O Município é dono da Saúde desta Cidade, porque ele é o chefe da municipalização total da Saúde. Portanto, o próprio Conceição deve satisfação ao Município, o Hospital de Clínicas deve satisfação ao Município. E por que é que os hospitais do Estado não devem satisfação ao Município? Devem também.

Amanhã, às 11 horas, nós estaremos aqui, porque não há de ser o período de eleição, que afasta tantos de nós desta lide parlamentar, que vai nos impedir de defender a Saúde do leste. Lá nós temos o Hospital da PUC, mas ele sozinho não agüenta atender consultas, nem fazer puericultura, nem fazer as vacinas. O Hospital da PUC é para atender os casos de fraturas, de apendicites e outras doenças mais agudas que precisam de hospitalização. Nós precisamos um rumo para o Grupo Murialdo, Ver. Oliboni, e as autoridades devem ser visitadas logo depois da nossa reunião. Que nós incomodemos as autoridades, que elas nos ouçam e nos digam onde estão os recursos e por que é que não se investem recursos na Saúde, quando se investem recursos em tantas outras coisas. Então, convoco os Vereadores interessados na causa, pela minha Bancada, a do PTB, porque também é a causa dos trabalhadores da Saúde, não só dos doentes.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini): A Verª Margarete Moraes está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Vereadores e Vereadoras, público que nos assiste, esta questão que o Ver. Oliboni colocou e sobre a qual o Ver. Dr. Goulart se manifestou é da maior relevância, inclusive temos cópia do Diário Gaúcho, que fala: “Murialdo, 80 mil sem ajuda médica.” São 80 mil pessoas que não têm ajuda médica, pelo menos imediata, perto da sua casa. Isso é muito grave e está ocorrendo no Município de Porto Alegre.

Quero registrar minha estranheza, pois a Prefeitura anunciou e comemorou um prêmio recebido por órgãos municipais, no caso a PROCEMPA, pelo PGPQ, o Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade. Parece algo um pouco cômico, pois o PGQP é contratado, recebe recursos mensais da Prefeitura de Porto Alegre, recursos municipais para assessorar, entre outras, a Secretaria Municipal da Saúde, sobre a qual há todo esse escândalo, esse drama neste momento. Então, por absoluta imprevidência e falta de gerenciamento, provocou uma crise na administração também do Programa de Saúde da Família, que vive essa crise sem precedentes, e é objeto de trabalho do PGQP. Com tudo isso que acontece, o PGQP é contratado pela Prefeitura e dá prêmios para a Prefeitura. Não é possível isso!

O Poder Público é formado pelo Município, pelo Estado e pelo Governo Federal, e o Governo Federal tem feito a sua parte. Se falta alguma coisa, nós, Ver. Oliboni, estamos totalmente dispostos a resolver isso, mas não é problema do Governo Federal; o problema maior é que, quando o Governo Federal dispôs recursos ao QualiSUS, no valor de 8 ou 9 milhões para a reforma do Hospital Pronto Socorro - e isso é importante que a gente repita -, a Prefeitura de Porto Alegre sequer se deu ao trabalho de apresentar o projeto. Isso é verdade. Temos que assumir que a Saúde é municipalizada em Porto Alegre, portanto é responsabilidade desta Prefeitura.

Já o Governo Yeda, que é o principal aliado do Governo Fogaça, como o Prefeito mesmo disse no Programa da TVCOM, deve mais de 40 milhões à Prefeitura, e a gente sequer ouve falar dessa dívida, parece que ela não existe, parece que o Governo do Estado não tem a responsabilidade legal de fazer esse repasse. Aí, lendo o jornal Diário Gaúcho, veremos que escrito: “A suspensão dos serviços é resultado de uma série de reivindicações dos trabalhadores, que tiveram início com o fechamento da UBS II na Vila Vargas em maio. O sucateamento dos postos, a falta de material de trabalho, de medicamentos básicos e de recursos humanos são algumas das queixas apresentadas pelos funcionários por meio de um documento a ser apreciado pelo Secretário Estadual de Saúde Osmar Terra amanhã.“ E aí aparecem depoimentos das pessoas, dos antigos usuários: “Falta tudo, não dá mais!”, “Noventa minutos de caminhada, como é que vai ser?”, “A população cresceu, o serviço primeiro diminuiu, e agora parece que acabou definitivamente.”

A Prefeitura comemora superávit e se auto-elogia por ter superávit, mas, quando nós examinamos o Orçamento dessa mesma Prefeitura, percebemos que os Programas Vizinhança Segura e Áreas Integradas de Segurança Pública tiveram execução zero. Zero! Não tem um centavo para dois problemas que afligem a Capital do Rio Grande do Sul, que afligem a cidade de Porto Alegre, que são as questões de segurança. Nós vivemos, como em todas as cidades do Brasil, na insegurança, mas cada cidade tem que encontrar a solução para esse problema dramático.

Queria falar também neste Governo marqueteiro, que parece uma dramaturgia de mau gosto, um pouco tragicômica, que é o Governo Yeda Crusius. Agora que ela apresentou uma carta-compromisso, ela demitiu o Secretário Paulo Fona, que foi quem redigiu a carta-compromisso. Ver. Dr. Goulart, é verdade, foi ele quem redigiu. Ela apresenta uma carta-compromisso de ética, de solidariedade interna e demite o redator, que foi o maior defensor, no caso, de Yeda Crusius nessa questão do Detran; ele voltou para Brasília. É um Governo que se parece com o Governo Britto, porque o Britto, antes de sair, ofereceu um presente à cidade de Porto Alegre: uma maquete de um projeto ligado ao Cais; um projeto para o Cais do Porto. Uma maquete que nunca teria viabilidade. Então, a maquete já é a obra pronta. É o mesmo caso da Orquestra da OSPA: nós fomos lá, Dr. Goulart, e vimos uma bela maquete como se já fosse a obra realizada, com grande estardalhaço.

Voltando ao caso Daniel Dantas, embora preso e solto, preso e solto mais de uma vez pelo Ministro Gilmar Mendes, que defende o Estado Democrático de Direito e as Garantias Constitucionais para os ricos - ele defende para os ricos -, eu acho que foi simbólica. A prisão do Daniel e seus comparsas é um dos fatos mais relevantes do período de Governo do Presidente Lula. Esse Daniel Dantas, para a maioria, era uma pessoa absolutamente desconhecida, e ele passou a ser uma figura em evidência, evidência que ele sempre fugiu, porque nem queria ser conhecido em função do tipo negócios que realizava, das suas relações históricas com as instituições da República. A nossa Bancada pensa que esses dos colarinhos-brancos devam ter o mesmo tratamento dos negros, dos pobres do nosso País; a lei deve ser cumprida, sejam eles do Partido que forem, que envolvam todos os Partidos, quem errar deve ser punido! Então, esse momento revela que a Polícia Federal não mudou, sempre teve os mesmos quadros, não houve mudanças, os policiais são os mesmos. Havia um slogan do Presidente Lula que dizia: “Deixem o homem trabalhar!” Agora é: “Deixem a Polícia Federal trabalhar!”, ela realiza um belíssimo trabalho! Nunca aconteceu nada igual. Eu acho que essas operações da Polícia Federal utilizam a inteligência como arma principal. Estão fazendo um belíssimo trabalho!

 

O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Verª Margarete Moraes, o nosso Assessor Rogério lembrou as várias manifestações havidas aqui, manifestações que questionam o Governo do Estado, a Brigada Militar, comandada pelo Coronel Mendes, de prática tremendamente questionável, ele algemou professores, estudantes e outros. Todos, como se sabe, “de altíssima periculosidade”!

 

A SRA. MARGARETE MORAES: A professora Neiva, da Direção do CPERS, foi algemada e colocada num camburão. Ninguém falou nada.

 

O Sr. Guilherme Barbosa: Nenhum questionamento, ninguém falou nada. Então é preciso colocar isso. Muito obrigado pelo aparte.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Obrigada, Ver. Guilherme.

E mesmo assim muitos delegados já foram transferidos para outras funções. Esse fato revela o poder dentro da Polícia Federal, dentro do poder instituído, porque ainda não é perfeito, há forças conservadoras que não estão gostando desse trabalho, elas existem no Brasil desde o seu descobrimento; forças que acham que os poderosos, por terem dinheiro, sempre se livram da lei, das algemas, das prisões. Com dinheiro compram excelentes advogados, mas essa mesma lei não vale para os pobres, para os professores, para os negros, e aí não vale o Estado de Direito, não vale os direitos humanos.

Por fim, eu queria falar muito rapidamente que hoje, dia 17 de julho, há um artigo muito positivo no jornal Zero Hora, da professora Juçara Dutra Vieira, que é a instituição, Verª Neuza, de um piso salarial nacional para o Magistério, como se fosse o salário mínimo dos trabalhadores, que pode parecer muito pouco, são 950 reais para 40 horas, mas, em nível médio, revela uma conquista histórica para os trabalhadores, porque, se no Rio Grande do Sul a situação é difícil, nos Estados do Nordeste a situação é mais difícil ainda para os trabalhadores em Educação, que às vezes não recebem nem o salário mínimo regional. Então, foi votada essa reivindicação histórica de 950 reais, com direito a vantagens, com direito a uma data anual para reposição. E há o comprometimento das três esferas de Governo em relação a essa responsabilidade. No mínimo, cada professor vai ganhar 950 reais pelo seu trabalho em nível municipal, estadual e federal, tendo um terço da carga horária para o planejamento e para a atualização pedagógica. Muito obrigada, Ver. Carlos Todeschini.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Carlos Todeschini; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, gostaria de mostrar este exemplar do livro produzido pelo maestro Hardy Vedana, que conta a história do disco no Rio Grande do Sul. (Mostra exemplar.) Tem quase um século a história do disco no Rio Grande do Sul. E o professor Hardy Vedana pretende criar o Museu do Disco. Isso está dependendo do Poder Público, é claro, mas há interesse, inclusive, de levar o Projeto ao Ministro Gilberto Gil.

A Verª Margarete Moraes, quando Diretora de Cultura, cuidou de dar condições para que o maestro Hardy Vedana pudesse trabalhar lá no Auditório Araújo Vianna. E eu acho que a cultura municipal, a cultura estadual e a cultura federal têm de buscar uma solução para o prédio da Rua Sergipe, onde funcionou a primeira fábrica de discos do Brasil, o que vai fazer quase um século. Agora, em 2013, completa um século. O livro do maestro Hardy Vedana começa com uma frase de um autor desconhecido, mas que é muito importante: “Quem não honra o passado perde o futuro. Quem destrói as suas raízes não tem condições de crescer.” Este livro é extraordinário, belíssimo, tem toda a história do disco no Rio Grande do Sul, iniciada em Porto Alegre, com gravações para todo o Brasil, com gravações para São Paulo e mesmo para Buenos Aires. O maestro Francisco Canaro veio gravar em Porto Alegre, e nós precisamos preservar essa história. Portanto, eu gostaria que a própria Câmara também se interessasse em buscar solução, já que a Verª Margarete Moraes se ofereceu para auxiliar, e eu acho que é um auxílio bastante importante.

Mas eu gostaria de falar da dívida que o Estado tem com a Prefeitura de Porto Alegre na área da Saúde. Ora, se a gente repete a mesma história todos os dias, dá a impressão que é verdade. Realmente, o Estado deve para a Prefeitura recursos da Saúde. Recursos que não foram repassados pelo Governador Olívio Dutra, pelo Governador Germano Rigotto. Agora, eu não sei se a Governadora Yeda está passando ou não. Mas lembro bem quando o Ver. Comassetto trouxe à tribuna o fato de que havia condenação para pagar os 30 milhões que o Estado devia à Prefeitura. Os 30 milhões correspondia à condenação na Justiça do Governador Olívio Dutra e do Governador Germano Rigotto e não de alguém mais. Portanto, quando a Justiça condena, é precatório que se paga. E, aí, entra na fila! Eu nunca culpei aqui o Governador Olívio Dutra e também não vou culpar o Governador Germano Rigotto; o Estado passou por dificuldades e continua passando dificuldades. A Governadora Yeda anuncia que, no próximo ano, o déficit de 38 anos do Estado será superado; então eu acho que nós devemos ter paciência e esperar que se resolva. Agora, não se tribute à Governadora do Estado todas as falhas da Saúde em Porto Alegre, e sim ao Governo Federal, que manda menos recursos, manda muito menos recursos! A ele cabe fazer a política da Saúde no País. Nós assumimos a responsabilidade, a Saúde em Porto Alegre foi municipalizada; não foi só em Porto Alegre, outros Municípios também o fizeram, mas a parte que a União devia dar aos Municípios, essa não aconteceu, essa foi diminuída. Portanto, não tem como fazer Saúde com os recursos que aqui chegam, são poucos os recursos, deveriam ser muito mais.

E o Congresso Nacional - é uma coisa este Congresso, é uma coisa! - não consegue votar a Emenda nº 29, regulamentando, fazendo com que até 2010, 2011, a União venha a dar 10% da sua Receita para a Saúde, não consegue! Tentam os governistas colocar a tal de Contribuição Social da Saúde, que um Deputado disse que é uma “Contribuição Super Secreta”. E de uma forma que eu não entendo: numa Lei Complementar que regulamenta uma Emenda Constitucional; eles pretendem fazer uma Emenda constitucional dentro, porque, para fazer a criação de uma taxa ou de uma contribuição, só por Emenda constitucional, tem que ser uma lei específica, não pode ser uma Emenda colocada lá dentro! Claro que o Congresso derrubou a CPMF e quer a “Contribuição Super Secreta”, que ninguém sabe bem como vai ser usada, nem o Governo sabe! Então, com essa “Contribuição Super Secreta”, talvez eles imaginem que vão resolver a Saúde, mas não, o que resolve são os 10% que devem ser aplicados na Saúde!

Agora, o Sr. Daniel Dantas está prestando um serviço ao País: ele já ajudou no “mensalão”, contribuiu no “mensalão” e fez com que a população soubesse de muitas coisas, por exemplo, que há uma diferença entre o Ministro da Justiça e o Presidente da República; entre o Ministro da Justiça e o Presidente do Supremo Tribunal Federal; entre o Ministro da Justiça e a Polícia Federal; entre o Presidente da República e a Polícia Federal. Quer dizer, temos que nos sentar todos e buscar soluções e não problemas. Nós estamos arrumando problemas! Eu vejo com tristeza o que está acontecendo no País. É claro que tudo deve ser investigado; claro que a Polícia Federal deve ser prestigiada, mas não está sendo prestigiada não, há dúvidas, há divisões, há coisas que interferem, e esse acontecimento político está sendo usado de forma equivocada. Eu acho que deveria ser o alerta para mostrar que é preciso unir as forças deste País, e não um Congresso com 513 Deputados que não consegue votar. A Lei da Magistratura é de 1965, quando todo mundo falava da Revolução, foi nesse período que foi feita a lei. Por que não foi alterada? Agora o Ministro da Justiça, o Presidente do Supremo, o Presidente da República se reúnem e decidem que a Lei de 1965 precisa ser atualizada, que não pode ficar como está! Mas o que é que faz o Congresso? O que é que faz o Executivo, que não manda a Reforma Tributária? Por que não fazem a Reforma Política?

Nós ficamos criticando aqui o Governo do Estado, a Prefeitura de Porto Alegre, mas não são esses os responsáveis pelos desmandos que existem nesta Nação! É todo o conjunto de Deputados, que nós poderíamos diminuir de 513 para 250, não iriam fazer falta nenhuma, porque, quando eu não quero resolver um problema, eu nomeio uma comissão muito grande. E, quando eu quero resolver um problema, eu nomeio uma comissão pequena, de pessoas responsáveis, de pessoas competentes, não faço uma enorme comissão. Quinhentos e treze é o número de Deputados para uma comissão que não vai funcionar! São 81 Senadores! Mas para que 81 Senadores? Nenhum país tem três senadores por Estado; são dois, todo o mundo tem dois! Os Estados Unidos, que têm dinheiro, têm dois! Os Estados Unidos, que aplicam em Saúde nove vezes mais do que o Brasil, têm dois Senadores por Estado, têm 435 Deputados para 50 Estados. Se nós aplicássemos a mesma proporção aqui no Brasil, teríamos 234 Deputados e não mais do que isso, dentro da proporção de um país que é rico, que tem dinheiro, que tem uma população bem esclarecida, que tem uma Constituição e que não mudou essa Constituição, fez apenas algumas Emendas. Nós fizemos mais Emendas na nossa Constituição de 1988 do que os Estados Unidos fizeram na sua Constituição de 200 anos. Saúde e PAZ!

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini): O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ERVINO BESSON: Caro Presidente, Ver. Carlos Todeschini; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e pelo Canal 16 da TVCâmara, eu queria saudar todos.

Nesses últimos dias - acho que é de conhecimento de todos os nobres Vereadores -, ocorreu um fato com uma família, com a dona de uma farmácia em Teresópolis; uma família de trabalhadores, uma família que é um orgulho para aquela região da Glória, Ver. João Antonio Dib, pelo trabalho, são pessoas que prestam um trabalho social junto à comunidade; lamentavelmente a família teve de enfrentar, Ver. Goulart, o drama do seqüestro daquela menina.

Eu quero destacar aqui e parabenizar a nossa Polícia, que, com todas as dificuldades que tem, ainda tem homens preparados, policiais que só temos a elogiar, porque, graças a Deus, conseguiram salvar da morte aquela menina. Se não fosse a competência e a rapidez da Polícia, não se sabe o destino daquela menina. Agora, esses bandidos... Não se pode nem chamar de ser humano uma pessoa dessa índole, dessa maldade. Seqüestraram uma menina que estava trabalhando junto com seus pais, levaram-na para o Interior. Quantas foram as horas de sofrimento, Ver. João Antonio Dib, que drama o daquela menina! E o bandido sequer tem pena. Como não implorou pela vida? Deve ter chorado horas e horas, e ele não teve complacência. E, por tudo que a gente tem acompanhado, só Deus sabe qual seria o destino dessa menina.

Eu quero fazer um reconhecimento à nossa Polícia, meu caro Presidente, em nome da Casa. Permitam-me, Srs. Vereadores, que assim eu faça; um reconhecimento ao trabalho do pessoal do DEIC, ao trabalho da nossa Polícia, que, graças a Deus, chegaram no momento certo, porque ele iria pegar o resgate, e eu não sei qual seria o destino da menina. Ele é um bandido, já tinha matado outras pessoas, já tinha feito uma série de delinqüências na trajetória da sua vida.

Margarete do Amaral: que Deus te ilumine, Margarete, e também os teus pais! Tu tens um desafio pela frente, tu tens uma vida pela frente. Eu sei que milhares e milhares de pessoas rezaram para que esse drama, para que o teu sofrimento fosse encerrado. Todas as pessoas estavam torcendo para que tu ainda voltasses vivia, para poder abraçar o teu pai, a tua mãe, a tua família, os teus amigos, que são tantos. Graças a Deus isso aconteceu. Agora, esse bandido que fez tantas pessoas sofrerem, que fez tu sofreres tanto na mão dele, minha querida Margarete, vai ter que sofrer as duras penas da lei. Sem dúvida nenhuma! Essas pessoas, esses marginais, essas pessoas que não têm um mínimo de sentimento, só têm maldade, têm que ser tratadas com dureza, têm que sofrer, sim, no mínimo, Dr. Goulart, no mesmo nível que a Margarete sofreu nas longas horas em que esteve nas mãos dessa besta humana.

Portanto, parabéns aos agentes do DEIC, parabéns à nossa Polícia; parabéns pelo trabalho: chegaram na hora certa, na hora oportuna, e conseguiram salvar o destino dessa menina. Então, fica aqui esse reconhecimento. Que Deus também ilumine a caminhada de vocês, nossos queridos policiais da Brigada Militar, da nossa Polícia Civil, porque são vocês que enfrentam os problemas do dia-a-dia. Então, a comunidade de Porto Alegre, do nosso Rio Grande, agradece a vocês por esse extraordinário trabalho.

E aproveito a oportunidade para falar que, na próxima terça-feira, dia 22, nós teremos o encerramento, na PUC, do Seminário “Porto Alegre, uma Visão de Futuro”. A Câmara, como um todo, se envolveu. Sem dúvida nenhuma, foi um belo trabalho do Presidente, dos 36 Vereadores e Vereadoras. Eu acho que tudo que foi debatido, que vai sair desse encerramento, com pessoas reconhecidas pela sua história, pelo seu trabalho, será de grande proveito para a nossa Porto Alegre. Inclusive, um problema que será debatido na terça-feira é o problema da nossa segurança. Jordi Borja, reconhecido pelo seu trabalho em outros países de Primeiro Mundo, trará o seu conhecimento, juntamente com o Jaime Lerner e outras pessoas; será de grande proveito. Depois, sem dúvida, a Câmara fará um encaminhamento para todos e para os candidatos a Prefeito, sim, de tudo o que foi discutido, do que foi colocado nesse período na PUC.

Eu reforço o convite: as pessoas que nos assistem pela TVCâmara, as comunidades - parece que já tem mais de quatrocentas pessoas inscritas, e há mais lugar -, as pessoas que têm condições participem, acompanhem o debate, acompanhem as pessoas que estarão presentes, que têm um reconhecimento em nível de Brasil e em nível de Exterior, pelo seu preparo; eles trarão, sem dúvida nenhuma, uma grande proposta para o futuro da nossa querida Porto Alegre. Eu tenho certeza de que a maioria dos Srs. Vereadores e Vereadoras estará presente. Acho que a Câmara está fazendo o seu papel, acho que todo o segmento da Cidade participou dos vários debates, dando o seu conhecimento, a sua colaboração. O Seminário, sem dúvida nenhuma, será fechado com chave de ouro e trará, como eu já disse, grandes novidades, coisas boas que serão aplicadas na nossa Porto Alegre, para o futuro da nossa Cidade, para a organização da nossa Cidade. Que nós possamos, sim, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, em nome do Presidente desta Casa, em nome dos 36 Vereadores e Vereadoras... Foi um trabalho que teve início nesta Casa e que será fechado, sem dúvida nenhuma, com chave de ouro. Nós estaremos no dia 22 acompanhando na PUC o encerramento, que será, sim, com chave de ouro. Muito obrigado, Presidente.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Muito obrigado, Ver. Ervino Besson.

 

O Ver. Adeli Sell está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ADELI SELL: Meu caro Presidente, Ver. Claudio Sebenelo; minha cara Líder da Bancada, Verª Margarete Moraes, que me escala para usar o Tempo de Liderança do meu Partido, o Partido dos Trabalhadores.

Queria cobrar insistentemente no sentido de que a Prefeitura tem a obrigação de fazer o atendimento básico dos serviços da Cidade, o que infelizmente não faz. Nós temos um estado de calamidade na Vila Mapa, na Lomba do Pinheiro: um lixão, perto de um arroio, está infestado de ratos; é uma situação de Saúde Pública. Mas não é o único caso. Se eu for à Vila Maria da Conceição, encontrarei ao lado do Colégio Estadual Otávio Rocha um verdadeiro lixão. Ao lado de um colégio estadual! Felizmente, na Restinga, ao lado da Escola Ludovino Fanton, assim que eu cobrei, foi feita uma limpeza. Mas na Flor da Restinga ainda remanesce um lixo ao lado de um arroio, na única e minúscula pracinha que ali existe.

Eu quero dizer que isso não é um caso isolado, são casos que eu cito da minha vivência cotidiana. E repito o que o próprio Ver. João Antonio Dib falou aqui pela situação: “Um Vereador, antes de legislar, deve fiscalizar.” É o que eu estou fazendo. É o que a minha Bancada do PT faz e tem a obrigação. Hoje na oposição, mas não interessa, há que sempre fazer a devida fiscalização. Assim como fizemos em relação aos problemas de conduta, aos problemas de desvios éticos. Foi assim no caso do DMLU, da DIP - Divisão de Iluminação Pública. O Ver. Guilherme Barbosa foi Secretário da SMOV, sabe da importância, pela capacidade técnica, pela dedicação, dos funcionários da Divisão de Iluminação Pública, essa Divisão importante da nossa SMOV. Esses processos merecem não só a fiscalização, que já houve, mas a continuidade de um olhar cuidadoso de nossa parte. Ontem fui chamado em função de questionamentos que fiz sobre uma licitação no DMAE.

Eu não sou engenheiro, eu não sou técnico para saber de todas as qualificações para algumas obras, no entanto, ao ser alertado sobre problemas, fui lá e levantei questões. Mas quem tem que responder é a Prefeitura, que deve colocar no papel, para o Vereador, os custos reais: por que um custo aqui é “a” e por que ali é “2a”. O Ver. Todeschini e o Ver. Guilherme, que passaram pelo DMAE, provavelmente sabem que o custo de uma obra para enterrar um grande cano no leito de um rio deve ser superior ao de colocar um cano simplesmente num lugar normal, como debaixo do asfalto - é evidente que são custos diferentes. Em todas as obras o Vereador tem que ter um olhar de cautela, porque ele é o fiscal do Executivo. Não fosse a fiscalização, teríamos, nas páginas dos jornais hoje, a condenação de seis ex-servidores da Corag? Teríamos a condenação dessas pessoas, que meteram a mão na “bufunfa” pública? Não, não teríamos! Alguém levantou, alguém fiscalizou, alguém fez o seu papel, como faz o Ministério Público Especial do Tribunal de Contas, como faz e deveria fazer sempre o Tribunal de Contas daqui, o da União, como deve fazer o Ministério Público, porque são essas as suas funções. Não fosse a Polícia Federal investigando e fazendo a coisa certa, teríamos levantado o “Caso Daniel Dantas” com seus comparsas? Então, nós temos que estar sempre atentos a essas questões!

É um momento de profunda reflexão quando no País se vê a corrupção desenfreada. Chega-se ao absurdo de falar da “Bancada DD” no Congresso Nacional, devia ser a “Bancada detefom” para sumir com os corruptos. Não! Mas é a “Bancada Daniel Dantas”. Isso é um escândalo! E ainda há pessoas, gente da mídia inclusive, que dizem que a Polícia Federal extrapolou, que ela fez um papel de pirotecnia. Eu pergunto: nos Estados Unidos há a política do foto show, que é aquela política que todas as vezes que você prende alguém, algema alguém, tira foto; a Polícia faz isso. Então, nos Estados Unidos pode e aqui não pode! O pobre pode ser algemado, e o rico não pode ser algemado? Que história é essa? Graças ao empenho do Governo brasileiro, Cacciola volta ao Brasil, não algemado, mas vai para a cadeia. O Brasil está mudando, e nós queremos que isso seja uma marca, como foi também, na Itália, a Operação Mãos Limpas, porque aqui a Polícia Federal, na minha opinião, faz esse papel. Portanto, parabéns às ações da Polícia Federal! Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Muito obrigado, Ver. Adeli Sell.

O Ver. Dr. Goulart está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DR. GOULART: Ver. Claudio Sebenelo, na presidência dos trabalhos, muito querido médico e amigo; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, em primeiro lugar temos que, a pedido do Ver. Oliboni, trocar o horário da Reunião da Saúde que ia ser amanhã, meu ex-Prefeito Dib, ela passará para segunda-feira, na mesma hora, ou seja, às 11h. Amanhã, então, não sai a Reunião da Saúde, sai a do bairro Murialdo.

Pena que não está aqui, neste momento, o Ver. Besson. Eu ia dizer a ele que não vai acontecer nada com os camaradas que raptaram a moça da farmácia, que não é bem no bairro Teresópolis, é ali no bairro Glória, na região onde me criei, onde há uma Delegacia toda fechada, toda cheia de madeira, ali tem uma farmácia ao lado. Não vai acontecer nada, nada! E peço que o Ver. Besson monitorize essa situação e, de seis em seis meses, venha aqui na tribuna nos dar notícia da caminhada. Sabem quando é que vocês vão ter notícias, de novo, deles? Quando eles roubarem outra, e aí eles vão matar outra pessoa; dessa vez eles não mataram, mas vocês vão ter essa notícia. Espero que o Ver. Besson pegue esse caso simbolicamente, siga e rastreie esse caso, para vocês verem a barbaridade que vai ser. Daqui mais dois ou três meses, os bandidos que fizeram essa maldade com essa moça vão estar soltos por aí, fazendo maldade com outras pessoas. Então, convido o Ver. Ervino Besson a trazer a informação para a Câmara de tanto em tanto tempo.

Pois eu estava olhando agora, sentado ao lado do grande ex-dirigente do Grupo Hospitalar Conceição, o homem que criou os primeiros Postinhos de Saúde da Família de Porto Alegre, em número de 12, até gostava do número 12, agora até queria, na verdade, que ele tivesse feito 14... O Ver. Claudio Sebenelo me dava a satisfação da conversa sobre Saúde ali ao seu lado, e eu olhava as novas telas de televisão que chegaram na Câmara. Eu olhava a bela imagem, estava aqui belo, falando, o nosso querido Ver. Ervino Besson, depois o Ver. Adeli Sell, que estava mais bonito ainda, falando nessa tela enorme. E eu fiquei pensando. Vocês já se deram conta de que, cada vez que alguém vem prestar contas aqui no plenário, é usada uma pequena tela, acanhada e anêmica, que fica ali atrás da palavra “Porto Alegre”, escondida, meio em oblíquo, e a gente nem vê direito os dados que os Secretários mostram, ou os dados que os convidados vêm nos mostrar. Então, hoje eu estou fazendo convites e convido o Ver. Sebastião Melo a providenciar um telão enorme para nós botarmos aqui, um telão que funcione, para que a gente enxergue com os olhos de lupa os dados que precisamos saber. Aqui, enorme, focalizando dali uma máquina dessas modernas, maravilhosas que há, para que a gente saiba.

E aí a primeira apresentação aqui, nessa imensa tela, deverá ser a da Saúde, deverá ser o dinheiro da Saúde. Nós precisamos saber que a Emenda n° 29 diz que a Federação tem que botar 10% de todas as suas arrecadações! E só isso já seria perto de 40 milhões de reais para a Saúde. Nós tínhamos que botar bem grande aqui isso, e que o Estado tem que botar 12% de sua arrecadação! E o Estado não tem colocado os 12%. Quem é que prende o Estado, Vereador? Quem é que prende? Ninguém. Quando é sonegação do dinheiro da Saúde há que mandar prender! Então têm que ser presos os que estão obstruindo a Emenda nº 29 em Brasília, que não querem deixar os 10% da arrecadação da União. Há que prender quem não quer fazer os 12% da Saúde no Estado. E isso já vem de tempo, já vem de outros Governadores. O primeiro Governador fez, e não deu nada, o pessoal não disse nada; aí o segundo Governador foi, o terceiro também foi... Porque, por pior que esteja o dinheiro dos Governos, a parte da Saúde eles têm que dar, porque outras dívidas, como a dívida com a Federação, o Município paga! Então temos que pagar a Saúde.

E a Saúde, no Município, é 15%. Vamos lá? Vamos fazer uma aulinha: 10% de toda a arrecadação da Federação; 12% de toda a arrecadação do Estado e 15% do Município. Aí, eu, que puxei a orelha de todos os Secretários que estiveram por ali, inclusive os do Prefeito Fogaça, meu amigo, tenho que me dobrar ao quanto ele coloca na Saúde. Ele vem colocando, Ver. Dib, Ver. Dr. Raul, Ver. Sebenelo, mais do que 20%! E eu tenho que dizer: mais do que 20% é colocado na Saúde, povo de Porto Alegre! Eu tenho que dizer isso, porque é verdade! Precisa mais, e ele bota 23% às vezes. Eu tenho várias discordâncias sobre os encaminhamentos da Saúde. Eu seria um comprador de serviços da Saúde, se, por acaso, fosse gestor de Porto Alegre em algum ponto. Eu compraria cirurgia de ombro! Eu compraria cirurgia neurológica! Eu compraria cirurgia de otorrino! Eu compraria serviços neurológicos! Eu os compraria...! Faria licitação e os compraria, baseado na tabela do SUS! Porque as pessoas gostariam de receber esse atendimento, e os prestadores de serviço fariam isso. Mas eu não posso dizer que o Prefeito Fogaça não põe 23%. Quando todo o mundo reclama que para a Saúde não vem, que para a Saúde não vem, ele põe 23%!

 

O Sr. Aldacir Oliboni: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Dr. Goulart, eu estava atentamente ouvindo o seu pronunciamento e percebi exatamente o que V. Exª está falando. De um lado, temos o cidadão que consulta na Unidade de Saúde, que espera, às vezes, um ano para consultar um especialista; e o prestador de serviço, conveniado ao SUS, conveniado ao gestor, diz que tem especialista de sobra. Por que o Governo não compra essas vagas - tanto para as especialidades, como para a internação? Porque as Emergências estão sempre lotadas! E é exatamente aí que o Governo não tem gestão, porque não vai olhar e não compra do prestador, que quer vender o serviço.

 

O SR. DR. GOULART: Que boa, Vereador, a sua intervenção! Que bela intervenção, porque eu preciso formar uma legião de pensadores desse tipo!

Comprar serviços! Se estão faltando serviços, e não há os serviços, temos de comprá-los!

Olhem vocês que os juizes que judicializaram a Saúde mandam, vez por outra, comprá-la em prédios privados! Daqui a pouco uma pessoa está em sofrimento mental, de maneira tal que está arrebentando tudo, quebrando tudo, e não adianta só medicação, ou tem que ter medicação de hora em hora, ela precisa de um hospital, e aí isso não há no SUS; então o Governo paga, mas paga privado, para o particular, paga uma fortuna pela internação, quando, na verdade, teria de haver dispositivos de licitação prévios a isso, para que os Governos comprassem, via SUS, o atendimento do qual a Verª Margarete falou que está faltando aqui, do qual o Oliboni também falou, do qual eu falo e os outros também. E teríamos como resolver esse problema. Mas o telão teria de estar aqui mostrando de seis em seis meses para a gente...

Olhem que o Conselho Municipal de Saúde vem aqui por lei - por lei -, obrigatoriamente, apresentar o que observou dos Governos, só que nunca o Conselho Municipal de Saúde, que eu respeito muito, botou aqui as “tripas” expostas do dinheiro da Saúde. Nunca as botou! O Conselho Municipal de Saúde, que é uma coisa que a gente precisa seguir, precisa respeitar; tem de abrir aqui o Conselho, se o Governo não o faz. O Conselho Municipal faz parte do Governo, ele é resultado de uma lei, da Lei do SUS, ele tem de vir aqui e mostrar: “Olhem, tinha de ser tanto, e não foi - tinha de ser tanto, e não foi!”

Acontece que o Conselho se partidariza neste momento, e, no momento em que se partidariza, ele não tem como expor aqui as contas da Saúde, porque essas vão mal, e a gestão acaba indo mal também - o Oliboni tem razão. Mas que bom que V. Exª, que é um lutador da Saúde - junto comigo, junto com o Sebenelo, com o Raul, junto com os outros todos -, pensa do mesmo jeito; nós, que temos trabalhado há oito anos, lado a lado, nesses dois mandatos que tivemos. A gestão é um problema, mas a compra de serviços é uma necessidade, e pelo preço do SUS. Não podemos nós querer pagar particular para tudo que é hospital; em alguns podemos até, em alguns até podemos. A gente estuda lá no Conselho e vê esse caso, a gente libera, porque não tem... Mas, na sua grande maioria, nós precisamos de números, contas expostas nesse paredão imenso, e eu acho que isso pode ser, porque eu estou enxergando ali a minha imagem (Olha para a tela que transmite a Sessão via TVCâmara.)... Eu não tão bonito quanto o Adeli, quanto o Besson, não estou tão bonito ali, mas ali estão as telas belas que a Câmara adquiriu nas últimas semanas, nos últimos meses, e nós precisamos de uma enorme aqui, Todeschinizinho, precisamos para mostrar as contas da Saúde, porque, na próxima gestão, nós estaremos de olho no dinheiro da Saúde.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Muito obrigado, Ver. Dr. Goulart.

O Ver. Dr. Raul está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. DR. RAUL: Sr. Presidente, Ver. Claudio Sebenelo; Vereadores e aqueles que nos assistem pelo Canal 16, eu não poderia deixar de vir, num momento crítico por que estamos passando, dar um depoimento de alguém que tem acompanhado - eu diria que desde o início da gestão plena de Porto Alegre, lá por 1994, 1995, enfim - a questão da Saúde na Zona Leste, no Murialdo, e a falta de ação junto àquela comunidade.

O que está acontecendo? Nesse período todo, a comunidade vem passando por um aumento populacional e por uma diminuição dos serviços de Saúde Pública. Então, é um cobertor curtíssimo. Nós estamos realmente com uma área da Cidade com mais de 80 mil pessoas que está necessitando de um atendimento de serviço básico emergencial. Então, há dois anos, como Vereador, temos nos empenhado de uma maneira forte e firme, até porque também estou trabalhando lá, em uma Unidade Básica de Saúde, como médico de Saúde Pública, no próprio Murialdo; nós temos nos empenhado muito no sentido de resolver essa situação.

Estivemos próximos, num processo de municipalização, junto aos Secretários Osmar Terra e Pedro Gus, quando isso foi desfeito; entrou o Secretário Eliseu, estivemos mais uma vez próximos, participamos de reuniões com os Secretários aqui na Presidência da Comissão de Saúde da Câmara, fizemos Audiências a respeito dessa matéria, trouxemos aqui as pessoas, constituímos Comissões para resolver o problema, e até agora a questão está no Ministério Público, não houve uma solução, não houve um acordo. Participamos da Comissão Intergestora Bipartite em nível de Estado, de Município, para também tentar resolver essa matéria, e estamos agora diuturnamente preocupados com esse fato, inclusive com esse que aconteceu recentemente, em que há uma paralisação dos profissionais daquela região, em que há um questionamento muito importante da comunidade, das lideranças, dos Sindicatos, para que haja, realmente, uma intervenção forte e decisiva nesse assunto.

Nós precisamos, de uma vez por todas, dotar a Zona Leste de Porto Alegre de um atendimento básico de Saúde, tão necessário na abrangência que lá se faz pertinente. Eu acho que o momento é agora, não dá mais para deixar para depois. Neste momento, estão reunidos, lá no Centro de Saúde Escola Murialdo, seus funcionários, todos eles muito tensos, muito preocupados, sem saber que destino darão às suas vidas; estão juntas também pessoas da comunidade, do Conselho Local de Saúde, do Conselho Distrital, dos Sindicatos, os Vereadores aqui acompanhando... Então, nós precisamos, realmente, ter uma ação mais forte de parte dos entes públicos; que sentem e resolvam o problema. O Estado fez a sua parte no sentido de apresentar ao Ministério Público uma proposta em que o Murialdo seria municipalizado, e seriam mais 300 mil reais por mês, dados para que fossem feitos um acompanhamento, uma contratação, uma manutenção daquela região. É uma proposta bastante boa nos dias atuais, mas o Município não acordou em relação a essa proposta.

O que acontece? Nós acreditamos que ainda há tempo, que a situação pode se resolver claramente em pouco tempo, abstraindo-se da questão política, embora tenhamos um processo, agora, eleitoral, enfim, mas temos de tirar essa parte política disso e nos preocupar todos efetivamente com a comunidade e com a solução dos gestores, para que se chegue finalmente a um denominador comum, que traga uma Saúde melhor para aquela população. É nisso que estamos empenhados, acreditamos que, já na segunda-feira, quando a comissão da comunidade, em especial a do Murialdo, será recebida pela Presidência da Casa, poderão ser encaminhadas ações decisivas. Também acredito que se farão presentes os membros da gestão da Saúde, do Estado e do Município, para que tenhamos, efetivamente, uma possibilidade, mais uma entre tantas, de resolver essa questão.

Porque sabemos que, em uma vez só, é muito difícil. Qualquer pessoa que procura um Vereador para encaminhar uma demanda, acha o que o Vereador pode resolver com facilidade, mas sabemos quantos e quantos passos são necessários, muitas vezes, para se conseguir resolver uma demanda simples de uma pessoa, que muitas vezes não tem esse entendimento, mas é a nossa função pública. Nós, aqui na nossa função, procuramos o quê? Legislar, fiscalizar, encaminhar demandas, fazer com que as coisas efetivamente se resolvam para a população; nem poderia ser diferente, porque todos nós buscamos, na realidade, a defesa de uma Cidade melhor, de uma comunidade mais bem atendida e, basicamente, a defesa do bem comum. Todos nós que fazemos política tratamos basicamente do bem comum.

Gostaria de dizer também da grande necessidade de um projeto ao qual estamos empenhados junto ao Governo do Estado e ao Ministério da Saúde, que é o das Unidades de Pronto Atendimento 24 horas - UPAs. Queremos trazer à nossa Cidade essas Unidades, que podem atender a pequenas e médias complexidades durante 24 horas, abrangendo pequenas cirurgias, Odontologia, Radiologia, Traumatologia, Clínica Geral, Ginecologia; para que haja uma resolução melhor do nosso sistema público de Saúde, não ocorrendo essa superlotação nas nossas Emergências, especialmente no inverno. Estamos encaminhando o Projeto nesse sentido, porque vimos a necessidade da população e, com isso, estamos abraçados. Saúde para todos.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Obrigado, Ver. Dr. Raul.

 

(O Ver. Carlos Todeschini reassume a Presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini): O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Ver. Todeschini, na Presidência dos trabalhos; Srs. Vereadores, estive anteontem representando a Casa numa palestra promovida pelo Conselheiro Cezar Miola, do Tribunal de Contas do Estado. O Conselheiro Miola, que até há pouco tempo era do Ministério Público, dentro do Tribunal de Contas, passou a ser Conselheiro do Tribunal de Contas e vem fazendo um trabalho do Ministério Público. Agora, como Conselheiro do Tribunal de Contas, vem avaliando cidade por cidade do Rio Grande do Sul e fiscalizando o quanto se investe na rubrica Educação Infantil.

Os psicólogos, os psiquiatras, os neurologistas sabem que o cérebro do nenê começa a fazer a sua formação, evidentemente, intra-uterinamente, ele fica perfeitamente completo e não muda mais as células nervosas, que são definitivas na vida do nenê, diferente das outras células do corpo que vão se renovando. Entre cinco, seis anos de idade, ele está com a sua personalidade formada, que começa com os primeiros registros de experiências agradáveis ou predominando as desagradáveis, não se sabe, depende do lar em que nasce, depende do país em que vive, depende da assistência dada à criança. E, no Rio Grande do Sul, esta Cidade - capital do Estado, Porto Alegre - recebeu o Prêmio Abrinc, porque retirou mais da metade das suas crianças da rua. Mas nós temos apenas 27% das crianças que precisam de creche tendo acesso a essas creches. Isto é, 73% das crianças da nossa Cidade não têm acesso às creches. Em Canoas, 10% têm acesso, a média do Rio Grande do Sul está em 9%. Oitenta e seis cidades, no Rio Grande do Sul, não tem uma vaga criada para a Educação Infantil; entenda-se Educação Infantil desde a creche, nascimento, até a Educação Fundamental. Nesse espaço, em que se forma o cidadão, nós temos, no País, 17 milhões de crianças que não têm direito à creche. E um número significativo das creches existentes não tem água; outro grande número não tem energia elétrica, outras não têm brinquedos para as crianças, não têm parquinho, para que possam ser desenvolvidas medidas educacionais através das brincadeiras.

Assustador é esse quadro, quando nós sabemos que a criança que tem acesso à Educação Infantil passa a usufruir muito mais do Ensino Fundamental, do Ensino Médio e do Ensino Superior do que aquelas outras que não têm acesso à Educação Infantil. Isso parece óbvio, mas, no ano de 2000, no Estado, foi programado multiplicar por três o investimento em creches no Rio Grande do Sul. Nós tínhamos 10% das crianças com acesso à creche, e 90% sem direito a essas creches. Queríamos crescer, em cinco anos, de 2000 a 2005, no mínimo, mais 20%, isto é, três vezes mais. E o que aconteceu? Para nosso desencanto, diminuiu o número de vagas de crianças nas creches; de 10% passou para 8,9%; houve uma diminuição. O que isso significa? Pesquisadores, pedagogos, professoras, educadores, psiquiatras, psicólogos, neurologistas reunidos concluíram que essas crianças que não têm Ensino Infantil serão crianças com deslizes de conduta até os 18 anos, com deslizes de conduta até a criminalidade. Por fim, quando adultos, serão os criminosos que irão ocupar as cadeias e as vagas das FEBEMs.

Esse é o panorama que nós encontramos hoje no Rio Grande do Sul. A mesma situação ocorre em Porto Alegre, onde há 750 conjuntos irregulares. Na verdade, não são conjuntos irregulares, e sim favelas, onde há cerca de 150 creches, entre credenciadas e da Prefeitura. E o Prefeito acabou de inaugurar mais cinco creches, pois cresceu em quatro mil o número de crianças, mas nós precisamos de muito mais. Nós temos um índice lamentável de formação permanente. E esse é o libelo, essa é a denúncia, esse é o pedido de socorro de um Conselheiro do Tribunal de Contas, que viu, na sua atividade de contas, a parcela investida na área de Educação Infantil. E aí nós vemos onde é que nós estamos metidos. Estamos na pré-história da Educação! Nós estamos com uma Educação desorganizada.

Parece mentira que estamos festejando essa “maravilha”, esse momento fantástico de um professor ganhar um piso de 950 reais, que todo o País, de pé, aplaude! Mas onde nós estamos?! Novecentos e cinqüenta reais é um salário pequeno para enfrentar esse dilema, esse desafio, esse sistema completamente errado, essa incapacidade de fazer um diagnóstico da Segurança. E depois querem falar em Segurança! Sabem qual é a prevenção que se faz em Segurança? É o policiamento ostensivo repressivo. Mas não é verdade; a prevenção é na creche. É esse o investimento que o País inteiro tem que fazer. Tem que buscar recursos para aplicar na Educação, mas especialmente na Educação Infantil, onde nós estamos produzindo a maior infelicidade social de que um país possa se queixar, nós temos uma máquina maldita permanentemente fabricando futuros meliantes, futuros marginais, futuros criminosos em condições industriais, em uma estatística lamentável, em uma estatística que nos deixa aterrorizados, porque essa é a sociedade que oferecemos aos nossos filhos, aos nossos netos, sociedade que esqueceu um dia, há muitos anos, da Educação Infantil.

(Não revisado pelo orador.)

 

(O Ver. Claudio Sebenelo reassume a Presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): A Verª Maristela Maffei está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Cumprimento o Vereador-Presidente desta Sessão, Claudio Sebenelo; o Ver. Carlos Todeschini; os que estão neste momento em plenário - Vereadores Guilherme Barbosa, João Antonio Dib e Adeli Sell -; as senhoras e os senhores. Quero me referir à primeira fala do Ver. Dr. Goulart em relação à questão da Saúde, pois a proposta do Ver. Dr. Goulart em relação à vinda do Conselho Municipal é uma boa idéia, a de vir novamente a esta Casa fazer uma prestação de contas e também dizer o que não foi feito. Acho que é uma idéia que vem ao encontro da ansiedade da população, e esta Casa é importantíssima no sentido da divulgação e da informação à sociedade de Porto Alegre das coisas que estão sendo feitas e das que não estão sendo feitas. Acho que é uma boa idéia.

Eu quero fazer aqui, Ver. João Dib, uma referência, pois não podemos cair no senso comum de criminalizar a questão dessa esfera da política-partidária, porque todas as pessoas estão dentro de uma democracia - ainda bem -, nós somos e fomos construtores. E é importante, Ver. Sebenelo, que as pessoas encontrem uma parte para poder trabalhar nela, e podemos juntar as partes, justamente nesta Casa, que é uma instituição, para poder dizer aquilo que acredito. Eu não vejo problema nenhum na questão ideológica quando a ideologia não atrapalha a opinião do outro, acho que, se tivermos esse espírito, não perdemos a nossa referência e colaboramos com a cristalização da democracia. Eu acho que vir aqui, sim, o Conselho tem que vir, independente da opinião. Agora, nós não podemos dizer, porque a pessoa tem uma opinião e tem um apoio no período da democracia...que ela possa dizer a sua opinião. Eu acho que isso não é bom.

Aí eu quero entrar em outra semântica, a respeito, por exemplo, da posição do Ver. Sebenelo. Quero, em parte, louvar a sua fala aqui em relação à questão do investimento, porque aqui ele faz uma crítica, apesar de generalizada, à questão da Segurança, entretanto não aponta o seu Governo, o Governo Estadual, mas faz uma crítica séria, sim. Assim como acho que devo fazer uma crítica séria se, no meu Governo Federal, houver alguma falha. Esse é o viés da colaboração necessária. Agora, são sérias as falhas que nós temos e sabemos disso. Se houvesse novos concursos, um investimento de qualificação... E não é só isso, sabemos que não é apenas a Educação, sabemos que, quando o cidadão não ganha o conjunto, não adianta dar uma casa para ele; ele não ganhou o conjunto da sociedade e aí vai vender como mercadoria, porque só a Educação... A Educação é importantíssima, é um viés fundamental, mas não é o todo, às vezes a pessoa não se alimenta, então vai ter dificuldades. Não adianta “encher tripa” - como diziam os antepassados -, se na verdade não nos preocupamos em que a pessoa esteja bem-alimentada, sabendo que terá um teto, sabendo que terá dignidade, poder ter lazer, cultura e não apenas o objeto, o Estado... E aí entra a questão federal, municipal, nós estamos falando aqui da municipal.

Mas sabemos que, agora, com o Fundeb, foi a primeira vez na história que foi aprovado de zero a seis anos. Infelizmente, não tínhamos isso. E não vai ser de uma hora para outra, porque nós disputamos com o narcotráfico. Hoje mesmo, no mundo feminino, nós vemos muito forte essa questão também, que eles chamam... Combatemos quem na questão ofensiva? Quem nós combatemos? A ponta sempre, porque não existe cacife, e muitas vezes não existe vontade de fazer o verdadeiro enfrentamento; o segundo maior poderio internacional é o narcotráfico! A questão do tráfico de órgãos humanos está dentro das três primeiras; a questão armamentista é a primeira. Nós temos dificuldade de enfrentar. Agora, Vereador, não adianta ficar falando na superestrutura se eu não analiso aquilo que nós podemos fazer aqui. O Estado não tem o direito de transferir, como está fazendo agora, para alimentar alguns pseudo-intelectuais que se empoderam de determinadas ONGs e tantas OCIPs, seja lá o que for, tirando a sua responsabilidade para manter a sua economia interna, muitas vezes “laranjas”, umas porcarias que não têm nada de Educação, mascarando coisas sérias dentro das nossas comunidades, transferindo a responsabilidade da questão da Educação. Nós temos que parar com isso, tirar esse peso não é simplesmente falar - é fazer!

Eu acredito, Ver. Sebenelo, que, se fizermos o Fundeb trabalhar... Se não houver a nossa fiscalização constante... Ele tem que dar certo justamente por suas preocupações e pelas nossas preocupações, que são referentes, sim, à educação do zero aos seis anos, acompanhado dessa rede que... Hoje se fala em Torre de Babel, a gente vê isso em vários Governos, no Município não é diferente, já vinha numa escala, mas agora piorou. Quando tem Torre de Babel, não se entende, e aí as políticas das instituições, das quais o Município deveria estar à frente, ficam como faz o esquartejador: em partes. E em partes não serve, porque aquela criança pode ter educação mas não vai ter os outros elementos. Somar a sua idéia com a minha idéia, com a do outro - essa é a rede que nós temos de responsabilidade nesta Casa. Então, somando as nossas falas, nós, de fato, independente de qualquer resultado, porque sabemos o que é uma profissão e o que é estar; então, nós seguimos antes, no meio e depois. Vamos seguir porque somos pessoas responsáveis. Eu acredito nisso, e as pessoas só podem ter um diferencial quando elas conhecem realmente a alma e como é que nós votamos nesta Casa uma Peça Orçamentária, como é que as coisas acontecem, Ver. João Dib. Vossa Excelência tem razão, a gente às vezes fala com muita dureza, mas nunca perdemos a ternura, principalmente quando falamos em crianças, porque a sensibilidade brota na pele. Obrigada.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr. Presidente, Ver. Claudio Sebenelo, presidindo os trabalhos no dia de hoje, receba a nossa saudação; Srs. Vereadores que estão no Plenário, em Comissão Representativa - Ver. João Antonio Dib, Ver. Aldacir Oliboni, Ver. Adeli Sell, Verª Maristela Maffei -, recebam os nossos cumprimentos, bem como aqueles que nos assistem.

Bem, nós tivemos hoje de manhã, eu e o Ver. Aldacir Oliboni... O Ver. Aldacir Oliboni está preparando um Requerimento para que realizemos uma Reunião de Mesa com as Comissões de Saúde desta Casa, convocando a Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa, o Governo Municipal, o Governo Executivo, o Governo Estadual, mais a Secretaria de Saúde, porque a situação lá no Murialdo é muito grave, Ver. Adeli Sell e Ver. Aldacir Oliboni, que está redigindo o Requerimento. São sete Postos de Saúde fechados; aliás, é uma incerteza que já vem de um bom tempo, são horas e horas de exaustivas reuniões, Ver. Aldacir Oliboni, de acordos, de tensionamentos que são feitos, e o nosso sistema municipalizado, Ver. João Antonio Dib. Deveria haver uma atitude por parte do Governo Municipal, mas infelizmente não temos visto isso.

E vejam só: há um documento que prepara a posse do Prefeito Fogaça - eu tenho esse documento, só não o tenho em mãos, mas posso trazê-lo na próxima Sessão - dizendo que o problema de Porto Alegre não é de recursos, mas de gerenciamento. Na minha opinião, é das duas coisas: de recursos e de gerenciamento. Vejam esta manchete do jornal Diário Gaúcho de hoje. (Mostra xerox do jornal.) (Lê)”O que era ruim ficou pior”. E aqui está descrita toda a situação que é vivida pelas pessoas e pelos funcionários. Aliás, tem sido generalizada a procura feita pelos funcionários a nós, em função do estresse sofrido pela falta de remédios, pela falta de condições, pela falta de pessoal e pela necessidade popular de atendimento.

Então, eu acho que há, sim, uma falta de gerenciamento muito sério, porque tudo que estava funcionando, ainda que com dificuldades, ainda que com dificuldades, ainda que estivéssemos, no Governo anterior, com carência de recursos, etc.... O fato é que hoje piorou, e piorou bastante, esta é a realidade sentida por todos. Estive numa inauguração na semana passada no posto da Aparício Borges, lá esteve o Secretário e Vice-Prefeito Eliseu Santos, que encontrou a comunidade portando vários cartazes, reclamando e protestando contra a ausência de Governo, contra a ausência de serviços. E os funcionários me procuraram, dizendo: “É insuportável a trabalho aqui”. Por quê? “Porque tudo que o Governo não nos oferece nós recebemos em xingamentos, em cobranças, em pressão da comunidade.” Pois bem, então, eu quero deixar claro que há problema de gerenciamento, o que piora as coisas no atual Governo.

Mas vamos aos recursos, o Ver. João Antonio Dib é uma pessoa que gosta, discute e aborda sempre os números. Talvez ele tenha razão naquilo que diz, nós temos dificuldade de recursos, parece que o volume de recursos necessários ao Brasil seria na ordem de 120 bilhões de reais para a Saúde, e isso reorganizaria o sistema. Nós temos a falta da reforma tributária, é verdade, V. Exª tem razão. Nós tivemos, na assembléia da PUC, a presença do Sr. Marcio Pochmann, Presidente do IPEA - um convidado indicado pelo Ver. Adeli Sell -, uma brilhante cabeça, que dizia que o Brasil precisa de três reformas: a Reforma Social, a Reforma Tributária e a Reforma Política, com isso nós estamos de acordo. Agora, há que se entender, Vereador, por que não acontece a Reforma Tributária, por que a CPMF não é aprovada e por que todas as distorções que nós temos no Congresso Nacional acontecem. Isso tem nome, quando um gangster, tipo Daniel Dantas - só ele -, elege cem Deputados de sua Bancada, é o maior Partido que há lá no Congresso Nacional, como é que nós vamos permitir que as coisas avancem? Por que a Reforma Tributária não acontece? Não acontece porque ele seria um alvo, mas ele financia cem Deputados. Não acontece a aprovação da CPMF por quê? Porque os capitais transacionados, os capitais que são evadidos do País seriam rastreados, é por isso que eles não querem CPMF. Não é porque há gastos aqui e acolá, não é por causa de outros motivos, é porque o Brasil tem um sistema dominado pelos poderosos e, pior, pelas quadrilhas de alguns poderosos que mandam no Congresso Nacional. Por isso o Congresso não avança.

Então, não é esta a discussão real: se tem que ser quinhentos Deputados ou se tem que ser duzentos, talvez com duzentos essas quadrilhas tenham mais poder ainda, porque é mais difícil eleger um Deputado. E não é o gasto que tem um Deputado que faz a diferença. O problema é que este País está completamente dominado pelos interesses de quadrilhas e de meia dúzia de pessoas, corroboradas por eminências do Judiciário, o lamentável Sr. Gilmar Mendes. Aliás, quero saudar e me solidarizar com o levante que os juízes fizeram em São Paulo, e a sociedade também tem que fazer esse levante, porque o Supremo é uma vergonha!

Aquelas pessoas que foram vítimas, eu não sei se me engano, mas daquele edifício que o Naji Nahas construiu, que ruiu porque ele usava areia contaminada com sal... Não era ele, era outro, mas são dessa estirpe, são desse tipo, são desse time. Os processos das vítimas que perderam o apartamento, que talvez tenha sido o esforço de toda a sua vida, estão no Supremo, e o Supremo não julga esses casos. Para esses, o Supremo não tem pressa, Ver. Oliboni! Com esses vai com toda a calma do mundo! Agora, para libertar criminosos, aí pode, aí o Supremo não mede esforços nem perde tempo. Inclusive há habeas preventivamente preparados para libertar essas pessoas.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Todeschini, eu gostaria de chamar a atenção de V. Exª de que o Supremo Tribunal está composto de juízes indicados pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E, por outro lado, eu gostaria de dizer também que o Governo nunca mandou um projeto de Reforma Tributária!

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Sim, Ver. João Dib, o senhor tem razão em pequena parte, porque a indicação do Presidente Lula é do Juiz Joaquim Barbosa.

 

O Sr. João Antonio Dib: Tem a maioria! A maioria é indicada...

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Não, não é verdade, Ver. João Dib! O Sr. Gilmar Mendes foi advogado do Fernando Henrique. E eu quero dizer que toda a origem dessa podridão está na “privataria” que foi feita no Brasil. Se o Estado não tem dinheiro, é porque optou por favorecer as telefônicas, por entregar o patrimônio público, por entregar o patrimônio público, por entregar o DPVAT a seguradoras privadas - só elas, Ver. Oliboni, arrecadam 500 milhões de reais por ano! No entanto, a Companhia União de Seguros, privatizada, a valores atuais, representa 130 milhões aproximadamente, e o que é arrecadado com o seguro obrigatório são 500 milhões! Porém faltam 30 milhões, talvez, na Saúde de Porto Alegre, o que deixa a Cidade sem remédios, sem profissionais, com os funcionários a “ver navios” com um Governo sem atitude.

Eu quero dizer que o Governo do Estado é o mesmo do Município, tanto é que o Prefeito Fogaça por muitas vezes foi dizer, na época da campanha eleitoral, que a Governadora Yeda era a melhor opção para o Rio Grande, que ele avalizava e emprestava seu prestígio e seu apoio à eleição da Governadora - e ela foi eleita! Essa é a realidade! Agora, na hora de cobrar as contas, na hora de fazer valer a lei, não faz. E, se tivéssemos a CPMF aprovada, nós teríamos não só os 40 milhões de reais de arrecadação direta, mas mais 40 milhões da diminuição das fugas dos capitais que passam pelo caixa-dois, os capitais ilegais, isso daria dois terços de toda conta necessária para que tivéssemos a Saúde que os brasileiros precisam e merecem ter. Muito obrigado pela atenção de todos.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Muito obrigado, Ver. Carlos Todeschini.

O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ALDACIR OLIBONI: Nobre Presidente, Ver. Sebenelo; colegas Vereadores e Vereadoras, público que nos acompanha pelo Canal 16 neste período de recesso na Câmara Municipal de Porto Alegre, é importante lembrar que, apesar do recesso de julho, a Comissão Representativa está aqui sempre como um plantão, vamos dizer assim, dos serviços públicos na cidade de Porto Alegre. E não é por acaso que hoje o tema predominante foi Saúde, em função dos graves problemas que enfrentamos no Município de Porto Alegre, diria eu, por falta de gestão.

Volto a falar mais detalhadamente neste período de Comunicações sobre a paralisação dos trabalhadores da Saúde na região leste, nas sete Unidades de Saúde do Estado, que, na verdade, poderiam, se houvesse vontade política, ser já do Município de Porto Alegre, como gestor, e, acima de tudo, com a possibilidade de ter sido resolvida, ao longo desses anos, a questão do atendimento da região leste. Vejam os senhores e Ver. João Antonio Dib: essa região, com as sete Unidades de Saúde, deveria atender em torno de 25 a 28 mil pessoas, diante de um percentual que cada Unidade de Saúde, no Programa de Saúde de Família, faz nas diversas regiões mais mapeadas, vamos dizer assim, e cadastradas nas suas Unidades de Saúde. Mas essa região atende cerca de 80 mil pessoas, ou seja, é mais do que o dobro, é o triplo. Então, além de não ter havido investimento na área da Saúde nessa região ao longo de várias gestões, não houve nem mesmo a substituição dos trabalhadores que, ao longo desses anos, se aposentaram ou saíram do serviço de Saúde da região.

É importante salientar aqui um pouco da história do Centro de Saúde Escola Murialdo. (Lê.) “O Centro de Saúde Escola Murialdo existe desde novembro de 1957. Em 1959, foi firmado contrato entre a Associação de Proteção à Infância e a Secretaria Estadual da Saúde. Em 1964, iniciou-se o convênio entre a Secretaria Estadual de Saúde e a UFRGS, objetivando o estágio da sua Faculdade de Medicina Preventiva e Saúde Pública. Em 1976, foi iniciado de forma pioneira no País” - levantado muito aqui, inclusive como modelo dessa região a todo o Estado e o País, inclusive fora dele - “um programa de formação especializada em residência médica (modalidade de ensino destinada a médicos e trabalhadores da área da Saúde, sob forma de curso de especialização, com a supervisão de profissionais) chamado de Saúde Comunitária. Em 1996, apesar da municipalização dos serviços de Saúde, a Unidade Sanitária de Saúde São José do Murialdo ficou sob a administração do Estado, por ter características de ensino. A população da região, atendida pelo Centro, é estimada em torno de 80 mil pessoas, entre 10 e 12 mil pessoas por Unidade de Saúde. Eram realizados atendimentos nas áreas de Clínica-Geral, Pediatria, Ginecologia, Saúde Mental, Cardiologia, Nefrologia, Oftalmologia, Pneumologia, os quais são feitos por médicos de famílias, especialistas e médicos residentes. A residência ocorre nas áreas de Medicina, Enfermagem, Nutrição, Psicologia, Serviço Social, Odontologia e Fisioterapia”.

Se observarmos os dados hoje, veremos que deveria haver, em cada equipe dessas Unidades, no mínimo, um enfermeiro, quatro auxiliares de enfermagem e dois médicos, mas, na grande maioria, existe um médico, ou a metade dos técnicos de enfermagem. Além disso, no caso, o profissional médico, que passa a ser o coordenador dessa Unidade, tem que acompanhar a residência. Então, vejam só as inúmeras dificuldades que têm esses trabalhadores. Exatamente, por ser deficitário, eles encaminham ao Governo do Estado e ao Município um documento fazendo as seguintes reivindicações (Lê.): “...um crescente desmantelamento dos serviços e nenhuma perspectiva imediata de melhoria da estrutura física material de ensino; a falta de insumos, equipamentos para realizar assistências adequadas à população, bem como para qualificar a formação dos residentes; a falta de equipamentos para informatizar todos os serviços, aprimorando o processamento das informações em saúde, criando condições para a produção cientifica; a defasagem significativa dos recursos humanos; o crescente deslocamento dos trabalhadores do Centro de Saúde e Escola Murialdo, devido à sua desvalorização, à inadequação do Plano de Carreira dos Aliados, ao seu adoecimento e desgaste físico e mental, além da sobrecarga dos serviços; um desmantelamento da proposta de ensino histórica do Centro de Saúde Murialdo, observado pela falta de preenchimento das vagas da residência médica como também da ocorrência de um grande número de desistências em diversas áreas de ensino.”

E aí eles propõem o seguinte (Lê.): “Diante do exposto, encaminhamos as seguintes propostas: 1 - O aumento dos serviços em Saúde na área de atenção básica, Unidades Básicas de Saúde, estratégia de saúde da família na região da Grande Partenon, para dar uma assistência adequada à Saúde, a essa população, e, dessa forma, o Conselho de Saúde e a Escola Muriado se tornariam responsáveis por uma população entre 18 e 24 mil habitantes, enquanto o restante da população passaria para a responsabilidade do Município; 2 - Adequação da infra-estrutura às necessidades de ensino, pesquisa, assistência e a garantia da sua manutenção; 3 - Solução definitiva e imediata para a falta de recursos humanos; 4 - Revisão e adequação do Plano de Cargos de Carreira; 5 - Reformulação e adequação do plano de ensino e pesquisa - programa de residência; 6 - A municipalização do Murialdo.”

Vejam os senhores e as senhoras a importante e justa reivindicação dos trabalhadores da Saúde da região leste, onde os funcionários, neste momento, estão paralisados. Em função da participação de alguns Vereadores, representando a Mesa desta Casa, representando a Comissão de Saúde, Ver. Adeli, nós estaremos na segunda-feira, Ver. João Antonio Dib, os recebendo como Mesa Diretora, como Comissão de Saúde, como Liderança dos Partidos, para poder viabilizar, quem sabe lá, o acordo político que ainda falta. Nós temos a responsabilidade de cobrar do Poder Público, independente de Partido, porque essa causa está acima dos Partidos. E, quando um Governo ganha a eleição, Ver. João Antonio Dib - V. Exª, que foi Prefeito desta Cidade, sabe muito bem -, tem que governar para todos. E aqui não se trata de Partido, mas de uma questão óbvia, justa, reivindicatória dos trabalhadores, que, no fundo, no fundo, querem estar preparados, motivados para atender a população daquela região, coisa que há vários anos não acontece, não está acontecendo. E nós, como Vereadores, temos a responsabilidade de poder viabilizar esse acordo político entre os Governos Municipal, Estadual e Federal, sim, porque todos têm que estar envolvidos nesses programas, seja no Programa de Saúde da Família ou no da Unidade de Saúde do Murialdo.

Também percebemos que, em toda a Cidade, há problemas, mas é importante que tenhamos a sensibilidade de perceber que é preciso, sim, ter um acordo político, porque a vontade é política. Já presenciamos os Secretários discutirem aqui nesta Casa a questão de valores, mas agora está acima disso. Precisamos ter a coragem e, acima de tudo, a sensibilidade para perceber que esses trabalhadores e a população não podem ficar sem atendimento médico. Não é justo! É desumano! É desumano que a população, muitas vezes, além de não ter ônibus para se dirigir a uma Unidade de Saúde, chegue lá e encontre a porta fechada. Isso é uma grande tristeza para a população, inclusive solidarizada aqui pelos Vereadores; dessa forma não pode continuar. Esperamos que, na segunda-feira e também com a mobilização dos trabalhadores amanhã com o Secretário Estadual de Saúde, se chegue a um dominador comum, para a solução desses problemas.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Obrigado, Ver. Aldacir Oliboni.

O Ver. Adeli Sell está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ADELI SELL: Ver. Sebenelo, Ver. Dib, Ver. Oliboni, estamos em Comissão Representativa nesta Casa no recesso de julho. Esta Casa não pode parar, como a Cidade não pode parar, mas às vezes as coisas param, como disse o Ver. Oliboni, porque há uma má gestão. E a má gestão é evidente na área da Saúde. Este é um País em que a maioria da população - e no nosso Estado não é diferente, aqui não é diferente - acha que a Saúde anda muito mal. Anda muito mal porque nós temos problemas de gestão! O Governo Federal injeta em Porto Alegre uma verdadeira “babilônia” de dinheiro, no entanto... Não adianta o Ver. João Dib se irritar, eu gosto de discutir com o Ver. João Dib números. Ele é um Engenheiro; eu sou um Professor de Letras, mas aprendi, com minha avó, antes de chegar à escola, a somar dois mais dois. E continuo achando que dois mais dois são quatro, diferentemente de alguns que acham que sempre dá três.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exa permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Adeli Sell, eu ouço V. Exª com muita atenção. O problema de gestão se faz também com recursos. Sem recursos, é muito difícil “gestionar”; administrar a escassez não é uma das coisas mais fáceis. Agora, eu volto a dizer: depois que o Sr. Presidente Lula assumiu, os recursos para a Prefeitura de Porto Alegre diminuíram - estão aí todos os balanços da Prefeitura desde 2003 para que V. Exª possa apreciar. E eu quero dizer que o Brasil só tem serviço de Primeiro Mundo para AIDS e para transplantes.

 

O SR. ADELI SELL: Eu desafio V. Exª a fazer uma reunião na Comissão de Economia, Finanças e Orçamento: nós pegamos os dados orçamentários e discutimos, de preferência, com uma máquina HP...

 

O Sr. João Dib: A qualquer hora, a qualquer hora, pode ser agora também.

 

O SR. ADELI SELL: ... porque essa não erra e faz cálculos complexos. Eu desafio. Faço esse desafio novamente a V. Exª, a quem respeito profundamente, mas, em termos de somas na área da Saúde, V. Exª, olhe, Ver. João Dib... Deixa para lá! Eu vou continuar a insistir na questão da gestão e na lentidão das coisas. O Prefeito deveria subir a ladeira e falar com a Governadora, afinal a Governadora nos deve dinheiro, já devia o Governador anterior, e nós temos que cobrar a parte que cabe a Porto Alegre, que tem de ter um atendimento adequado, nós temos aqui equipamentos de Saúde de excelência. Eu luto, continuarei lutando, comecei a fazer isso como Secretário da SMIC; na época articulei com outras Secretarias, com a Secretária Sandra Fagundes, com o pessoal da PROCEMPA, com a iniciativa privada o Saúde Porto Alegre, uma grande ação entre os vários segmentos que compõem a excelência no tratamento da Saúde na nossa Cidade.

Agora pergunto o seguinte: não é só um problema de gestão da Saúde em Porto Alegre, também é no Estado, vejam que as pessoas portadoras da Hepatite C precisam mendigar. Eu mandei, no mínimo, dez faxes para o nosso Secretário Osmar Terra para resolver problemas de medicamentos de uso continuado para o caso da Hepatite C, não é diferente para as pessoas que têm problema de esclerose múltipla, que precisam usar determinados medicamentos, caso contrário a sua situação se torna cada vez mais precária. Não é diferente para os portadores de mucovisidose, a chamada esclerose múltipla; os medicamentos de uso continuado também faltam aqui em Porto Alegre, mas são de responsabilidade do Governo Federal. Onde estão as consultas que exigem alta eficiência, como, por exemplo, as doenças da visão? Nós, infelizmente, temos um Congresso Nacional pacholento que não se decide sobre a questão da optometria, porque aqueles que não têm moléstia poderiam ter anotações feitas por um optômetro, de alta qualidade, com curso de nível superior, indicando os óculos, o grau que devem ser utilizados, e deixando apenas o oftalmologista, que é um médico, que deve cuidar das patologias, tratando da questão das doenças da visão.

Assim, nós temos outros tantos problemas na questão da Saúde; por exemplo, ao lado do “Chocolatão” há pessoas com tuberculose, Porto Alegre tem o dobro dos índices de tuberculose da média. Isso é inconcebível! Os dados estão num documento bonito que eu recebi ontem da Vigilância Sanitária do Município, feito zelosamente por seus servidores. Há a questão que antes coloquei da situação dos focos de lixo, um problema de Saúde Pública, com as ratazanas na Vila Tarso Dutra, com as ratazanas na Vila Mapa, de onde se vê, inclusive, o postinho de saúde. Então, senhoras e senhores, a situação é de calamidade pública, a situação é de colocar essas questões, de colocar os “pontos nos is”. Essa é uma tarefa do Vereador, essas são tarefas que nós devemos cumprir regiamente, Ver. João Antonio Dib, independentemente do horário, independentemente das condições, porque somos pagos pela população para trabalhar pelo povo, pelo benefício da população de Porto Alegre.

E aqui eu quero falar também dos servidores da municipalidade, que recentemente estiveram fazendo as suas solicitações aqui. Algumas nós conseguimos resolver, temos ainda a demanda dos Procuradores do Município, demanda que aqui está colocada e que aqui tem que ser decidida. Como nós também resolvemos, em parte, as questões dos servidores desta Casa. Nós precisamos ter um diálogo maior com os servidores da nossa Casa, especialmente com algumas áreas que são fundamentais na comunicação: o nosso Setor de Informática, de pessoas altamente qualificadas. Mas, se nós não ouvirmos essas pessoas, a nossa comunicação não será perfeita. Nós vamos gastar mais com a PROCEMPA, gastar mais com convênios; é preciso ouvir, primeiro, o servidor da Casa, porque dessa maneira, sim, de forma zelosa, poderemos construir a riqueza que é o serviço público, porque os gestores passam, mas os funcionários ficam até o dia da sua aposentadoria. Por isso a nossa homenagem aos trabalhadores desta Casa, aos trabalhadores do Município, àqueles que, sim, honram estar atrás do balcão e fazem, sim, que aquele que esteja na frente seja bem atendido. Essas são as questões que queria pontuar hoje e que deixo aqui registradas.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. ALDACIR OLIBONI (Requerimento): Nobre Presidente, queríamos fazer aqui um Requerimento e entregá-lo a V. Exª, trata-se da Reunião de segunda-feira com todos os residentes e trabalhadores da área da Saúde do Murialdo. Aqui estamos convocando o Poder Público Municipal e Estadual com intuito de encontramos uma solução para a região leste e os postos de saúde do Murialdo. Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Será passado, imediatamente, para a Presidência.

Estão encerrados os trabalhos da presente Reunião.

 

(Encerra-se a Reunião às 12h05min.)

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